Escrito por Sindicato dos Bancários de São Paulo
12/11/2009
São Paulo - As oficinas de capoeira, dança e música costumavam animar as 120 crianças e adolescentes carentes atendidos pelo Instituto Rogacionista Santo Aníbal. Educadores especializados, chamados de oficineiros, primavam pela qualidade das aulas e criavam vínculo com os jovens que encontravam na arte a possibilidade de um futuro melhor. Mas o descaso da Prefeitura de São Paulo com a área de assistência social acabou com essas oficinas.
"A administração municipal nos repassa R$ 192 por mês para pagar um oficineiro, só que não conseguimos encontrar nenhum profissional que aceite receber só isso e tivemos de abrir mão dessas atividades. As crianças sentem muita falta. Atendemos jovens de 6 a 14 anos, se a gente não oferecer uma grade interessante, eles desistem e vão embora. E, se essas crianças forem para as ruas, infelizmente a gente sabe o que vai acontecer", conta Dulcinea Pastrello, gerente executiva do Instituto Rogacionista.
Além do fim das oficinas de arte e educação, a entidade sofre outros problemas por conta da falta de verbas. As contas, por exemplo, têm fechado sistematicamente no vermelho. Para cortar os gastos, a organização demitiu cinco funcionários e trocou outros 30 por trabalhadores com salários mais baixos.
"Desde 2006 que nosso caixa está negativo. Todo ano temos de pedir dinheiro emprestado no banco e passamos a comprar produtos e alimentos de pior qualidade. Temos cerca de 200 crianças na fila para ser atendida, mas não conseguimos oferecer nossos serviços. Poderíamos até arrumar um novo espaço para elas, mas não temos como contratar educador", revela Dulcinea. Um dos diretores do instituto chegou a utilizar a herança da família para cobrir parte das dívidas da entidade, que hoje giram em torno dos R$ 25 mil.
A situação do Instituto Rogacionista é comum a praticamente todas as entidades que prestam serviços de assistência social na cidade de São Paulo. No início do ano, o prefeito Gilberto Kassab retirou mais de R$ 162 milhões dos investimentos de 2009 destinados ao financiamento de políticas públicas voltadas, principalmente, para crianças e adolescentes, idosos, mulheres e moradores de rua.
"E a história vai se repetir em 2010. Para o ano que vem, a Prefeitura tem um orçamento de R$ 30 bilhões, mas vai destinar apenas R$ 330 milhões para a Assistência Social. Esse valor é menor do que recebíamos em 2007. As entidades estão trabalhando no vermelho e se viram como podem, fazendo quermesse, rifas, bingos. A população assistida já está sentindo os efeitos desse problema, principalmente os moradores de rua, que têm reclamado do fechamento de abrigos e da piora na qualidade do atendimento. Se o descaso da Prefeitura com a Assistência Social continuar, vários projetos serão inviabilizados", explica William Lisboa, coordenador do Fórum da Assistência Social (FAS), que representa cerca de 500 organizações na cidade de São Paulo.
Protesto - Para pressionar a administração municipal a investir mais na assistência social e mudar essa realidade, o FAS realiza na próxima sexta-feira 13 uma manifestação que pretende reunir cerca de mil pessoas na frente da Prefeitura. Segundo William Lisboa, as entidades reivindicarão reajustes nas verbas, uma 13ª parcela nos convênios firmados e o fim dos atrasos nos pagamentos. O Fórum também pressiona a Câmara Municipal para aumentar a verba para a assistência social em 2010.
Bancários - Os bancários também estarão nos protestos representados pelo presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, A Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (Apabb) também vai participar. Embora a entidade não tenha convênio com a Prefeitura, muitos usuários também são assistidos por outras instituições que estão sofrendo com o descaso da administração municipal, o que afeta indiretamente a Apabb. "Estamos entrando nos protestos em solidariedade aos nossos usuários e a outras entidades. Nossa preocupação é efetivar a assistência social em São Paulo", conta a coordenadora do Serviço Social da Apabb, Vanusa Lima.
Para suprir a falta de investimentos da Prefeitura, a própria Apabb tem feito parcerias para ajudar outras entidades. "As organizações têm pouco pessoal para atendimento, sofrem com a falta de recurso para desenvolver projetos. Tentamos fazer parcerias com as que têm mais necessidade financeira e que atendem, de fato, a população de baixa renda. Acabamos fazendo alguns serviços que a Prefeitura deveria fazer", explica Vanusa.
A Apabb nunca teve convênio com a Prefeitura justamente por conta desses problemas. "Nos últimos anos, depois que os governos de direita assumiram São Paulo, a assistência social piorou muito. Na hora de fazer um convênio, a Prefeitura diz que tudo é lindo e maravilhoso. Mas na hora de pagar, o valor é baixo e o dinheiro vem fora da data. Seria bom se tivéssemos a parceria, mas do jeito que está é um risco. Por isso preferimos buscar recursos de outras formas, inclusive entre os funcionários do BB", ressalta.
Fonte: http://www.cut.org.br/content/view/17687
12/11/2009
São Paulo - As oficinas de capoeira, dança e música costumavam animar as 120 crianças e adolescentes carentes atendidos pelo Instituto Rogacionista Santo Aníbal. Educadores especializados, chamados de oficineiros, primavam pela qualidade das aulas e criavam vínculo com os jovens que encontravam na arte a possibilidade de um futuro melhor. Mas o descaso da Prefeitura de São Paulo com a área de assistência social acabou com essas oficinas.
"A administração municipal nos repassa R$ 192 por mês para pagar um oficineiro, só que não conseguimos encontrar nenhum profissional que aceite receber só isso e tivemos de abrir mão dessas atividades. As crianças sentem muita falta. Atendemos jovens de 6 a 14 anos, se a gente não oferecer uma grade interessante, eles desistem e vão embora. E, se essas crianças forem para as ruas, infelizmente a gente sabe o que vai acontecer", conta Dulcinea Pastrello, gerente executiva do Instituto Rogacionista.
Além do fim das oficinas de arte e educação, a entidade sofre outros problemas por conta da falta de verbas. As contas, por exemplo, têm fechado sistematicamente no vermelho. Para cortar os gastos, a organização demitiu cinco funcionários e trocou outros 30 por trabalhadores com salários mais baixos.
"Desde 2006 que nosso caixa está negativo. Todo ano temos de pedir dinheiro emprestado no banco e passamos a comprar produtos e alimentos de pior qualidade. Temos cerca de 200 crianças na fila para ser atendida, mas não conseguimos oferecer nossos serviços. Poderíamos até arrumar um novo espaço para elas, mas não temos como contratar educador", revela Dulcinea. Um dos diretores do instituto chegou a utilizar a herança da família para cobrir parte das dívidas da entidade, que hoje giram em torno dos R$ 25 mil.
A situação do Instituto Rogacionista é comum a praticamente todas as entidades que prestam serviços de assistência social na cidade de São Paulo. No início do ano, o prefeito Gilberto Kassab retirou mais de R$ 162 milhões dos investimentos de 2009 destinados ao financiamento de políticas públicas voltadas, principalmente, para crianças e adolescentes, idosos, mulheres e moradores de rua.
"E a história vai se repetir em 2010. Para o ano que vem, a Prefeitura tem um orçamento de R$ 30 bilhões, mas vai destinar apenas R$ 330 milhões para a Assistência Social. Esse valor é menor do que recebíamos em 2007. As entidades estão trabalhando no vermelho e se viram como podem, fazendo quermesse, rifas, bingos. A população assistida já está sentindo os efeitos desse problema, principalmente os moradores de rua, que têm reclamado do fechamento de abrigos e da piora na qualidade do atendimento. Se o descaso da Prefeitura com a Assistência Social continuar, vários projetos serão inviabilizados", explica William Lisboa, coordenador do Fórum da Assistência Social (FAS), que representa cerca de 500 organizações na cidade de São Paulo.
Protesto - Para pressionar a administração municipal a investir mais na assistência social e mudar essa realidade, o FAS realiza na próxima sexta-feira 13 uma manifestação que pretende reunir cerca de mil pessoas na frente da Prefeitura. Segundo William Lisboa, as entidades reivindicarão reajustes nas verbas, uma 13ª parcela nos convênios firmados e o fim dos atrasos nos pagamentos. O Fórum também pressiona a Câmara Municipal para aumentar a verba para a assistência social em 2010.
Bancários - Os bancários também estarão nos protestos representados pelo presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, A Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (Apabb) também vai participar. Embora a entidade não tenha convênio com a Prefeitura, muitos usuários também são assistidos por outras instituições que estão sofrendo com o descaso da administração municipal, o que afeta indiretamente a Apabb. "Estamos entrando nos protestos em solidariedade aos nossos usuários e a outras entidades. Nossa preocupação é efetivar a assistência social em São Paulo", conta a coordenadora do Serviço Social da Apabb, Vanusa Lima.
Para suprir a falta de investimentos da Prefeitura, a própria Apabb tem feito parcerias para ajudar outras entidades. "As organizações têm pouco pessoal para atendimento, sofrem com a falta de recurso para desenvolver projetos. Tentamos fazer parcerias com as que têm mais necessidade financeira e que atendem, de fato, a população de baixa renda. Acabamos fazendo alguns serviços que a Prefeitura deveria fazer", explica Vanusa.
A Apabb nunca teve convênio com a Prefeitura justamente por conta desses problemas. "Nos últimos anos, depois que os governos de direita assumiram São Paulo, a assistência social piorou muito. Na hora de fazer um convênio, a Prefeitura diz que tudo é lindo e maravilhoso. Mas na hora de pagar, o valor é baixo e o dinheiro vem fora da data. Seria bom se tivéssemos a parceria, mas do jeito que está é um risco. Por isso preferimos buscar recursos de outras formas, inclusive entre os funcionários do BB", ressalta.
Fonte: http://www.cut.org.br/content/view/17687
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