Para cada R$ 1 investido, saúde e educação devolvem R$ 1,78 em riquezas, diz Ipea
Os gastos do governo com a área social (educação, saúde, assistência social, previdência e programas do como o Bolsa Família) representam pouco mais de um quinto de todas as riquezas produzidas no país. Um estudo divulgado nesta quinta-feira (3) pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) mostra que esse tipo de investimento atingiu 21% do PIB (produto interno bruto, ou soma das riquezas produzidas no país) e é um dos que mais gera retorno para nossa economia.
A pesquisa calculou quanto cada tipo de investimento gera em incremento nas riquezas do país. A conta foi transformada em um número chamado de multiplicador, que ajuda a medir o quanto de retorno os gastos com educação e saúde, por exemplo, causam na economia.
Os investimentos nos setores de educação e saúde tiveram multiplicador 1,78, segundo o Ipea. Isso significa que para cada R$ 1 gasto pelo governo nessas duas áreas, o país viu sua economia gerar R$ 1,78 de riquezas. Em outras palavras, é como se a geração de riquezas devolvesse o R$ 1 investido e mais R$ 0,78 de lucro.
Separados, a educação gera riquezas de R$ 1,85 para cada R$ 1 investido. Só a saúde devolve R$ 1,70.
Só como comparação, os gastos de demanda agregada (que incluem todos os gastos do governo, tanto sociais como outros gastos) geram um multiplicador de 1,57, ou seja, geram R$ 1,57 em riquezas para cada R$ 1 investido.
Isso significa que de todos os gastos do país, os investimentos nas áreas de saúde e educação e em outras áreas sociais geram mais riquezas do que o pagamento dos funcionários públicos ou do que os investimentos em setores da agricultura ou da indústria.
O dinheiro gasto pelo governo para pagar os juros da dívida pública gera uma riqueza menor do que o seu gasto, ou seja, para cada R$ 1 gasto no pagamento dos juros, são gerados em riquezas apenas R$ 0,71. Em outras palavras, pagar juros dá prejuízo para o PIB.
Já os gastos em construção civil, geram R$ 1,54 para cada R$ 1 investido. O multiplicador, neste caso, não é tão alto, porque os salários dos trabalhadores são baixos.
O motivo do alto retorno do investimento social no país, de acordo com os pesquisadores do Ipea, é que a política social do governo brasileiro é focada em famílias de baixa renda, e esta injeção de recursos gera consumo no mercado interno, como diz o estudo.
- Estes estratos tendem a consumir menos importados e poupar menos, o que implica em maior propensão a consumir produtos nacionais, mais vendas, mais produção nacional e mais empregos gerados no país.
O gasto inicial, com programas sociais, de acordo com o Ipea, se transforma em diversos tipos de renda, durante várias etapas, como explica a pesquisadora Joana Mostafa.
- Um benefício do governo faz com que uma família faça uma compra, que não faria se não tivesse aquela renda, a empresa que fez aquele produto investe mais e contrata, a pessoa que foi contratada passa a fazer um compra, gera mais riqueza, e por aí vai.
De acordo com o Ipea, os gastos com saúde, educação, programas sociais e previdência além de alavancarem o crescimento do país, contribuem para a queda da desigualdade social, como explica o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão.
- O gasto social não é neutro, ele propicia crescimento com distribuição de renda, e foi importante na crise, para superarmos a crise com maior facilidade. Mal ou bem país implantou uma política social complexa que passou a ser um componente importante para economia brasileira porque permite um novo patamar de crescimento, com melhor distribuição de renda.
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