28/05/2011

Pesquisa na FSP USP analisa o mercado de trabalho para mães adolescentes

Compreender projetos de vida de adolescentes, que engravidaram e se tornaram mães, enquanto participavam do programa do COMEC, no período de 2003 a 2008, buscando desvelar o lugar da maternidade e da vida profissional na trajetória de vida, antes e depois da maternidade é o objetivo da Tese de Doutorado "Adolescência, maternidade e mercado de trabalho: uma relação em construção", de autoria da médica Rosalina Ogido, no último dia 15 de Março na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sob orientação da Profa. Dra. Prof.ª Dr.ª Néia Schor.
O Centro de Orientação ao Adolescente de Campinas (COMEC) é uma Organização Não-Governamental, que mantém um programa, cujo objetivo é capacitar adolescentes de 15 a 18 anos, desfavorecidos economicamente, estudantes, residentes em Campinas e região, para a entrada no mercado de trabalho. Durante esse acompanhamento, algumas adolescentes engravidaram e tornaram-se mães. O contato da pesquisadora com esta realizado, motivou-a a fazer tal pesquisa. Para a Dra. Rosalina "Maternidade não é fácil, é trabalhosa e, sendo a reprodução da própria vida, deveríamos poder prepará-la da melhor forma possível. Ser adolescente, ser mulher, ser mãe, ser um indivíduo com direitos iguais, independente de sexo, idade ou classe social neste mundo em constante transformação, onde antigos valores, pontos de apoio e segurança deixam de existir, família, gênero, trabalho, o próprio meio ambiente, tudo neste mundo globalizado parece instável. Como encontrar um lugar neste mundo? O que devemos, o que podemos procurar para sermos mais justos, vivermos em harmonia, sermos felizes: Se nós próprios, adultos, não temos mais certezas, com educar adolescentes e jovens para a vida adulta e responsável?.
A pesquisadora u
tilizou a metodologia quantitativa, para construção do perfil dos adolescentes acompanhados entre 1992 a 2009, a partir do banco de dados da instituição. Para o período de 2003 a 2008, 17 adolescentes tornaram-se mães. Oito foram entrevistadas, após orientação e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, sendo aplicada metodologia qualitativa para a análise das entrevistas.

A pesquisa demonstrou que a maioria dos 1.601 adolescentes cadastrados nasceu e mora em Campinas, e cursa o segundo grau. As oito jovens mães entrevistadas relataram conhecimento a respeito de métodos contraceptivos e prevenção de DSTs, no entanto, todas relataram gravidez não planejada. As trajetórias de estudo e trabalho foram descontinuadas, ou sofreram adaptações, com a maternidade. Quatro jovens finalizaram o segundo grau e nenhuma havia ingressado na faculdade. Três não voltaram a trabalhar e as demais tiveram experiências diversificadas de trabalho. As dificuldades relatadas para a inserção no mercado de trabalho foram: insuficiência de instrumentos de apoio no cuidado das crianças, baixo ganho salarial, falta de experiência de trabalho, filhos pequenos e pouca formação educacional. A dependência financeira e a perda da liberdade são fatores de frustração e a experiência do amor materno aparece como experiência positiva.

Com os resultados de sua pesquisa, a  Dra. Rosalina considera que os programas de educação sexual e reprodutiva voltados para adolescentes devem contemplar não somente a informação técnica, mas também outros aspectos relacionados a essa fase da vida. A maternidade na adolescência não indicou a exclusão dos projetos de formação educacional ou de trabalho, mas adaptações nesses projetos e necessidade de uma rede de apoio familiar e social. Constatou-se a necessidade de políticas públicas para a inserção do jovem no mercado de trabalho, para o atendimento de saúde reprodutiva de adolescentes e para serviços de apoio, como creches para filhos de mães trabalhadoras. Demonstra-se a necessidade de uma mudança nas relações de gênero, com maior igualdade de direitos, como pré-condição necessária à inserção da mulher no mercado de trabalho, em especial, daquelas que são mães.
Para a pesquisadora, "talvez nossa estratégia para sobrevivermos neste mundo, mais do que nunca, seja formar uma sociedade em que possamos compreender a interdependência de tudo e sermos indivíduos, não ancorados em preconceitos, em estruturas rígidas, mas indivíduos capazes de nos adaptarmos a essas mudanças, flexíveis, capazes de viver neste mundo cheio de problemas, mas sem perdermos a essência do que é realmente importante: ter liberdade, ter amor, ter felicidade. Começamos sonhando, depois entendemos o que é necessário para tornar o sonho realidade e buscamos as condições para que se realize."

Mais informações com a Dra. Rosalina, pelo e-mail: linaogido@usp.br ou pelos tels.: (11) 9573-1392 (cel.),  (11) 9902-6569 (cel.),  (11) 4409-0967 (Centro de Meditação Kadampa Brasil - atende pelo nome Jamgyal)

 


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Marcellus William Janes

Assessoria de Comunicação Institucional
Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP
Site: http://www.fsp.usp.br/
E-mail: comunicacao@fsp.usp.br
Tel.: (11) 3061-
7882

De: Assessoria de Comunicação Institucional FSP USP <comunica@fsp.usp.br>
Data: 25 de maio de 2011 10:59
Assunto: Sugestão de Pauta FSP USP - Pesquisa na FSP USP analisa o mercado de trabalho para mães adolescentes


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