BRASÍLIA – A maioria dos governadores opta por manter ações de assistência social vinculadas a secretarias sem foco exclusivo na área e que cuidam, ao mesmo tempo, de políticas de trabalho ou direitos humanos, por exemplo. Em apenas onze estados, a assistência possui secretaria própria, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (21/07) pelo ministério do Desenvolvimento Social.
A falta de estrutura específica não compromete a proteção social garantida aos brasileiros pela Constituição. Mas o ideal seria que todos os estados constituíssem uma, na avaliação do ministério, um exemplo de repartição exclusiva. “Com a lei do SUAS, os estados estão assimilando atribuições maiores”, diz a secretária de Assistência Social do ministério, Denise Colin.
SUAS é o Sistema Único da Assistência Social, transformado em lei dia 6 de julho. O sistema existe desde 2004, mas, ao virar lei, ficaram estabelecidas de forma clara as responsabilidades individuais do governo federal, dos governadores e dos prefeitos na execução das políticas de proteção social.
De acordo com Denise, quando o SUAS começou, a maior parte dos estados entendia que devia manter a assistência ligada a outras políticas, de caráter mais estruturante. Mas, para ela, à medida que a proteção ganha espaço institucional, justifica ter estrutura específica. “Imaginamos que a tendência seja essa daqui para a frente”, afirma.
O peso orçamentário também é um elemento que deveria estimular os estados. No caso do governo federal, por exemplo, os investimentos em assistência social saltaram de 0,08% do produto interno bruto (PIB), em 1995, para 1% em 2009, mais de R$ 40 bilhões, segundo estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O programa de erradicação da miséria lançado pelo governo federal seria outro motivo para constituir secretarias estaduais. O governo federal calcula que haja no país 800 mil famílias merecedoras de Bolsa Família, mas que estão fora da lista de pagamentos porque alguns governos estaduais ainda não identificaram toda a população miserável deles.
No caso das prefeitutas, a pesquisa verificou que a situação é um pouco melhor. Mas 28% delas ainda não tenham secretaria exclusiva para assistência. Segundo Denise Colin, como estão mais próximos da população que precisa de proteção e por terem mais atribuições conferidas pela lei do SUAS, o índice precisa baixar. “Nos municípios, é fundamental que a gente atinja a integralidade [de secretarias exclusivas]”, diz.
De acordo com ela, o governo federal tenta estimular a criação de estruturas específicas, tanto nos estados quanto nos municípios, desde 2008, por meio de um pacto de aprimoramente da gestão. A lei do SUAS também contribui para isso assegurando a transferência de recursos federais para estados e munípios montarem estruturas melhores.
André Barrocal
21/7/2011 18:47, Por Carta Maior
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