Prática prestes a ser adotada na Capital também pode ser implantada com meninos de rua da região
A internação compulsória de meninos de rua usuários de drogas pode
chegar ao ABCD. Na cidade de São Paulo, a Procuradoria Geral do
Município emitiu um parecer para a adoção da medida.
Na prática, os menores seriam recolhidos e internados por meio de decisão judicial. Na capital, o modelo passa a valer assim que o prefeito Gilberto Kassab aprovar a ideia.
De acordo com o presidente da Fundação Criança de São Bernardo, Ariel de Castro Alves, é possível que a medida chegue as sete cidades da região.
“Tudo o que acontece na capital paulista tem repercussão no ABCD e esse tema pode ser discutido aqui também. Entendo que este tipo de internação deve ser usada para casos individualizados e não de maneira generalizada”, disse.
O presidente disse que num último levantamento chamado ABC Integrado, a Universidade Metodista constatou em 2009 cerca de 250 crianças em situação de ruas. No entanto, segundo o chefe da instituição, apenas 10% deste número seriam usuários abusivos de drogas e que poucos precisariam de fato de uma internação compulsória.
“Me preocupo com o fato de que podem usar isso como uma limpeza social das ruas. Isso acontece hoje na cidade do Rio de Janeiro por conta da Copa do Mundo de 2014. Defendo a aplicação se nos depararmos com uma situação sem solução. Mas, antes que isso aconteça é preciso relatórios sociais, laudos médicos sobre o jovem e decisão judicial sobre o caso.”
Para Cibele Neder, coordenadora do Programa de Saúde Mental de Diadema, que é ligado ao Programa de Enfrentamento ao Crack e outras drogas de Diadema, a cidade verá outras alternativas para o combate à dependência. “Nós trabalhamos com as liberdades individuais e com a política de redução de danos. Acreditamos que o isolamento total da sociedade não tem se mostrado eficiente, pois os usuários têm recaída assim que saem.”
Segundo a profissional, a política da cidade é trabalhar com os consultórios de ruas e retorno aos poucos dos jovens à vida social.
“Não queremos que as pessoas fiquem isoladas da sociedade para se tratar”, explicou.
Usuários criticam possível internação forçada
Quem também não está em pleno acordo com a novidade são os menores usuários. O menor Gustavo, de 17 anos, é usuário de crack e vive nas ruas de Santo André. Segundo o adolescente, o uso de drogas começou cedo, aos 12 anos. “Primeiro experimentei maconha com meus colegas, mas logo depois fui para farinha [cocaína]. Crack eu fumei duas vezes e já vi que não dava mais para ficar sem”, explicou o usuário que vende material reciclável para comprar a droga.
Para Gustavo, a medida de internação é injusta. “Sou contra porque cada um faz o que quer. Se a gente quiser parar de usar droga nós vamos parar não é ninguém que vai obrigar. Se chegarem e perguntarem numa boa tudo bem, mas do contrário não”, disse o jovem que já foi internado, mas voltou às ruas.
O usuário de crack Alan, de 16 anos, também disse que a internação forçada é muito ruim. “Se alguém viesse me abordar desse jeito eu não iria brigar, mas iria conversar e explicar que não concordava”, explicou o menino que também contou que começou a usar a droga com 12 anos.
“Conheci o mundo depois que meu pai morreu de cirrose. Não quero voltar para casa porque meu padastro, meus irmãos e minha mãe brigam muito comigo. Estou na rua há três meses. Quem sabe um dia, quando Deus tocar meu coração, eu possa parar de usar e sair dessa. Tenho vontade de estudar, mas agora não é o momento”, contou o jovem que também já se internou, mas teve recaída.
Derla CardosoAgência BOM DIA
Na prática, os menores seriam recolhidos e internados por meio de decisão judicial. Na capital, o modelo passa a valer assim que o prefeito Gilberto Kassab aprovar a ideia.
De acordo com o presidente da Fundação Criança de São Bernardo, Ariel de Castro Alves, é possível que a medida chegue as sete cidades da região.
“Tudo o que acontece na capital paulista tem repercussão no ABCD e esse tema pode ser discutido aqui também. Entendo que este tipo de internação deve ser usada para casos individualizados e não de maneira generalizada”, disse.
O presidente disse que num último levantamento chamado ABC Integrado, a Universidade Metodista constatou em 2009 cerca de 250 crianças em situação de ruas. No entanto, segundo o chefe da instituição, apenas 10% deste número seriam usuários abusivos de drogas e que poucos precisariam de fato de uma internação compulsória.
“Me preocupo com o fato de que podem usar isso como uma limpeza social das ruas. Isso acontece hoje na cidade do Rio de Janeiro por conta da Copa do Mundo de 2014. Defendo a aplicação se nos depararmos com uma situação sem solução. Mas, antes que isso aconteça é preciso relatórios sociais, laudos médicos sobre o jovem e decisão judicial sobre o caso.”
Para Cibele Neder, coordenadora do Programa de Saúde Mental de Diadema, que é ligado ao Programa de Enfrentamento ao Crack e outras drogas de Diadema, a cidade verá outras alternativas para o combate à dependência. “Nós trabalhamos com as liberdades individuais e com a política de redução de danos. Acreditamos que o isolamento total da sociedade não tem se mostrado eficiente, pois os usuários têm recaída assim que saem.”
Segundo a profissional, a política da cidade é trabalhar com os consultórios de ruas e retorno aos poucos dos jovens à vida social.
“Não queremos que as pessoas fiquem isoladas da sociedade para se tratar”, explicou.
Usuários criticam possível internação forçada
Quem também não está em pleno acordo com a novidade são os menores usuários. O menor Gustavo, de 17 anos, é usuário de crack e vive nas ruas de Santo André. Segundo o adolescente, o uso de drogas começou cedo, aos 12 anos. “Primeiro experimentei maconha com meus colegas, mas logo depois fui para farinha [cocaína]. Crack eu fumei duas vezes e já vi que não dava mais para ficar sem”, explicou o usuário que vende material reciclável para comprar a droga.
Para Gustavo, a medida de internação é injusta. “Sou contra porque cada um faz o que quer. Se a gente quiser parar de usar droga nós vamos parar não é ninguém que vai obrigar. Se chegarem e perguntarem numa boa tudo bem, mas do contrário não”, disse o jovem que já foi internado, mas voltou às ruas.
O usuário de crack Alan, de 16 anos, também disse que a internação forçada é muito ruim. “Se alguém viesse me abordar desse jeito eu não iria brigar, mas iria conversar e explicar que não concordava”, explicou o menino que também contou que começou a usar a droga com 12 anos.
“Conheci o mundo depois que meu pai morreu de cirrose. Não quero voltar para casa porque meu padastro, meus irmãos e minha mãe brigam muito comigo. Estou na rua há três meses. Quem sabe um dia, quando Deus tocar meu coração, eu possa parar de usar e sair dessa. Tenho vontade de estudar, mas agora não é o momento”, contou o jovem que também já se internou, mas teve recaída.
Derla CardosoAgência BOM DIA
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