04/08/2011

Frio: Aumenta a procura em albergues em SP

Moradores de rua dormem em noite em que os termômetros marcam temperaturas abaixo de 10 graus na cidade de São Paulo / Ernesto Rodrigues/AENúmero de vagas é ampliado e as equipes ficam 24h de plantão
Moradores de rua dormem em noite em que os termômetros marcam temperaturas abaixo de 10 graus na cidade de São Paulo Ernesto Rodrigues/AE Com as baixas temperaturas do inverno, os dias e principalmente as noites se tornam um verdadeiro martírio para os moradores de rua, que precisam improvisar, muitas vezes, com pedaços de papelão para se aquecerem.

Só neste ano, já foram registrados diversos casos de morte por causa do frio. Por isso, não é a toa que a procura por albergues aumenta consideravelmente. Sabendo disso, os centros de ampliam o número de vagas e as equipes ficam 24h de plantão, realizando rondas em peruas para convencer as pessoas desabrigadas.

Segundo censo realizado pela FIPE no final de 2009, são 13.666 pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo.

A Secretaria Municipal de Assistência Social informou que iniciou em 16 de maio deste ano a Operação Baixas Temperaturas, que acontece todos os anos, com a inauguração de dois novos Centros de Acolhida, o que significou um acréscimo de 695 vagas na rede, totalizando 10 mil em 55 equipamentos que atendem a população de rua.

Ainda de acordo com a assessoria da SMAS, a operação tem como objetivo acolher o maior número de moradores em situação de rua na época mais fria do ano. No entanto, quando esgotada a capacidade de vagas na rede, são abertos alojamentos emergenciais, tantos quantos forem necessários.

São 328 educadores sociais e 90 veículos da CAPE (Central de Atendimento Permanente e de Emergência) atuando em todas as regiões da cidade.

De acordo com o coordenador do albergue Portal do Futuro, Alberto Silva, a procura é quase duas vezes maior. “Temos normalmente 282 pessoas abrigadas, no inverno chega a duplicar o número de moradores de rua. Não temos vagas para todos, então alguns precisam ficar na lista de espera”, diz.

Ainda de acordo com Silva, quando a demanda aumenta significativamente é realizado um remanejamento em todos os abrigos públicos, serviço realizado pelo CAPE (Central de Atendimento Permanente e de Emergência).

“No momento em que eles procuram o nosso serviço eles passam por uma triagem, recebem uma toalha e um sabonete para a higiene pessoal. Além disso recebem alimentação e dormem no local”, conta.

Caso o morador de rua não tenha sua ficha cadastrada mas pretende passar mais uma noite no local é preciso passar pelo serviço social, onde serão encaminhados para locais com vagas em aberto.

Mas apesar da grande procura, não é difícil vermos situações em que os desabrigados optem por continuar dormindo nas ruas ao invés de abrigos.

Para Alberto, são as regras internas que afastam muitos desabrigados. “Quando entra na questão de norma de convivência muitos se recusam. A questão da bebida e da droga, ou seja, a dependência química como um todo é um dos fatores mais agravantes”, diz.

A coordenadora do Minha Rua, Minha Casa, Rosana Baesso, diz que uma pesquisa feita pela Fipe mostra que 25% do total dos moradores dizem nunca ter ido pra o albergue.

Segundo ela, “um passo para solucionar a situação seria escutar as reclamações deles, entender porque da negação. Ouvi-los seria um caminho.”, afirma.

A assessoria da SMAS diz que a população também pode colaborar acionando a CAPE, pela Central 156 da prefeitura. A ligação gratuita e o atendimento ininterrupto.



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