16/08/2011

Para especialistas, internação compulsória deve ser exceção

Luciano Amarante
Para especialistas, internação compulsória deve ser exceção
Debate reuniu cerca de 200 pessoas no audiório Prestes Maia, da Câmara Municipal

Promovido ontem pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania, Segurança Pública e Relações Internacionais da Câmara Municipal, o debate sobre internação compulsória de dependentes químicos teve a presença de especialistas e autoridades da área de saúde pública e reuniu mais de 200 pessoas.  “Tem de contribuir para resolver o problema. Não é recolher e colocar em um depósito de gente”, disse o vereador Jamil Murad (PCdoB), que preside a comissão. Murad contesta a maneira adotada pela Prefeitura do Rio e salienta que um projeto para São Paulo precisa ser discutido. “Alguém pode não gostar de um vizinho e acionar a polícia”, diz
Segundo informações dos palestrantes, a Capital possui apenas 317 leitos, dos quais 80 municipais. “Dizem que só no centro tem 80 mil pacientes. O número de leitos é altamente insuficiente”, disse Murad, que é médico. “Trabalho há 24 anos com dependente químico, e quando é adotada essa prática [de internação compulsória], 98% tem recaída”, diz o diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dartiu Xavier.
Para os especialistas, a internação compulsória deve ser exceção e última medida adotada. “Não se pode fazer bem desrespeitando a vontade de outra pessoa”, diz o juiz Luís Fernando Vidal, membro do Conselho da Associação Juízes para a Democracia.
“A cada dez pessoas, uma se torna dependente química”, afirmou a educadora Juliana Graciani, ressaltando impacto devastador entre usuários de drogas.
SP carece de projeto e higieniza Centro
“Até onde pude perceber não temos uma proposta detalhada em São Paulo”, disse o juiz Luís Vidal ao comentar a carência de projetos do Executivo.
Jamil Murad critica a possível higienização na Nova Luz. “São brasileiros e são pessoas que merecem respeito. O poder público não pode punir a vítima.”
Para Dartiu Xavier, o uso de entorpecentes está ligado a questões maiores. O diretor do Proad reproduz diálogo com uma adolescente que disse recorrer às drogas para suportar atos sexuais. “Para me manter, preciso me prostituir e só me drogando para aguentar ter relação com um adulto”, relata.
Os palestrantes mencionaram ausência de proposta da Prefeitura para a região central. “Nós não temos nada de concreto em nossas mãos”, afirmou o promotor de Justiça de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo, Eduardo Ferreira Valerio.
“O tratamento voluntário surte melhor efeito”, disse a coordenadora da área técnica de saúde mental álcool e drogas da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Rosângela Elias.
16 de agosto de 2011 - 06:22
MetroNewss.com.br
Chico Junior
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