05/06/2012

Vazio, Complexo Prates atende 60 pessoas por dia

Grande grupo de dependentes químicos consumia drogas, na rua lateral à Sala São Paulo, região central, na tarde de ontem
Inaugurado no dia 27 de março, principalmente, para atender dependentes químicos da região da Cracolândia, o Complexo Prates que teria capacidade para atender até 1,2 mil pessoas por dia, tanto na áreas de Assistência Social quanto Saúde, tem atendido em média, apenas 60 pessoas por dia em seus serviços de Saúde.
A informação é da Secretaria Municipal da Saúde que apontou que da inauguração até 1º de junho, 733 usuários foram atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial III Álcool e Drogas (CAPS III AD) e 3.123 atendimentos foram realizados pela Assistência Médica Ambulatorial (AMA) 24 horas do Complexo.
Segundo uma pesquisa da Secretaria da Assistência Social, divulgada pelo ‘O Estado de São Paulo’, a média em todo o equipamento, que custou cerca de R$ 7 milhões, é de 180 pessoas por dia ou 15% de sua capacidade. “Os mais caídos não chegam lá. Os que chegam são aqueles que vão por conta própria ou são levados com violência por agentes de segurança. É preciso uma abordagem mais humanizada, mais próxima dessas pessoas. Não é só técnica. É preciso entender o mundo dessas pessoas para encontrar a porta para entrar”, criticou o Padre Júlio Lancelotti, que atua na Pastoral de Rua e é ativista da região.
Segundo a Prefeitura, que diz contar com 416 leitos só para dependentes em toda a Capital, por se tratar de um serviço novo, a evolução dos atendimentos é gradativa. “Já foi possível notar aumento no segundo mês de funcionamento, em relação ao primeiro. A tendência é que o serviço se fortaleça cada vez mais e a procura aumente” justificou em nota.



Operação na Cracolândia não coíbe uso de drogas


Considerada violenta por 14,2% dos moradores de rua da Capital, que disseram ter sido agredidos e ineficiente, já que não teria mudado a vida de 72% das pessoas em situação de rua, segundo pesquisa da Secretaria da Assistência Social, divulgada pelo ‘O Estado de São Paulo’ a Operação Centro Legal fez cinco meses.
Além das reclamações de migração de viciados para bairros, como Higienópolis, Glicério ou até Jabaquara, como o Metrô News publicou em março, a presença de mais de 300 policiais parece não ter mudado a situação na Nova Luz. Grupos de dependentes voltaram a tomar as ruas da região da Cracolândia, mesmo durante o dia e o consumo de drogas continua. Ruas como Helvetia, Barão de Piracicaba e a Praça Júlio Prestes seguem como fumódromos de crack a céu aberto e segundo comerciantes, o que de dia parece seguro, a partir das 18h, é considerada ‘terra de ninguém’. “Quando chega a noite, dá medo, porque a rua está cheia deles. Está faltando segurança à noite. O que a polícia fez foi espalhá-los, mas quando chega a noite e vou fechar a loja, eles estão aqui e dá muito medo. O que fizeram não adiantou em nada e cada vez, piora mais”, criticou o comerciante, Abner de Melo, 30 anos, que há dez anos, trabalha na região e diz que o único benefício da ação foi não mais encontrar lixo na porta de sua loja, quando a abre às 10h, na Rua Gusmões. “Para fechar é perigoso”, diz.
A mesma sensação tem o proprietário de outra loja na região, Antonio Francisco da Costa, 55 anos, que só consegue trabalhar com mais tranquilidade por ter contratado o serviço de guarda particular. “Sem o guarda fica complicado. Passo de manhã e eles continuam tomando as ruas”, diz ele, que no momento em que era entrevistado, a duas quadras, via um grupo de mais de 40 dependentes tomando a rua lateral da Sala São Paulo. “Teria que continuar a segurança a noite. Porque eles continuam livres e juntos”, disse.

Região tem ‘proteção policial’
No fim da tarde de ontem, quando a reportagem do Metrô News esteve na região conhecida como Cracolândia, o cenário era o mesmo do fim do ano passado, antes da Operação Centro Legal, com ocupação policial da Nova Luz, iniciada em janeiro.
Enquanto policiais militares faziam busca pessoal em um grupo de cinco moradores de rua na Praça Júlio Prestes, um grupo com mais de 40 dependentes consumia crack de forma indiscriminada a menos de cem metros, na rua lateral da Sala São Paulo. O mesmo fluxo ocorria na Rua Dino Bueno, enquanto um grupo de dez homens, que estavam escondidos em uma espécie de buraco para um terreno, era abordado pela Guarda Civil Municipal (GCM), cerca de 20 pessoas, na quadra seguinte, também consumiam a droga, sem incômodo. “Não foram tomadas medidas que combatessem o problema na origem. Desde o começo, essa operação é inócua, com um grande teatro de vaidades políticas. Essa ação só criou novos confinamentos dessas pessoas que precisam de ajuda e na verdade, acabam se afundando ainda mais no problema”, criticou o padre Lancelotti. Para ele, a presença policial, na verdade, além de não combater o tráfico de drogas, cria espécie de locais protegidos e mais escondidos para que os dependentes sigam consumindo o crack. “A violência com a polícia e GCM não serve para essas pessoas. Os mais caídos com a doença continuam lá e vão continuar. É preciso algo mais humano”, sugeriu.

Lucas Pimenta  
metro news
05 de junho de 2012 - 08:25
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1 comments:

  1. seria importante antes de qualquer publicação que venha conhecer o complexo e trabalho que é reealizado por nos neste momento estou no telecentro sou sim da cracolandia e ate convido amigos mas enquanto as reportagens naão ajudam como por exemplo explicando o que é para que serve eeste espaço garanto que seria melhor que ficar criticando e este promotor ate onde eu sei estou desde o inicio e ele nunca nos visitou.,..

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